O Que o Homem Tem Não Importa...
O que Importa é Sua Bondade que tem em Seu Coração
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
sexta-feira, 12 de agosto de 2016
Política, vocação ou profissão?
Centenas
de milhares de candidatos disputarão os cargos de Prefeito, Vice-Prefeito e
Vereador nas próximas eleições municipais. Teriam todos, realmente, vocação
para a política? Entendamos o que é ter vocação.
O termo vocação vem do latim, vocare, que quer dizer "chamado".
Assim, a vocação é um chamado íntimo de amor. Amor e prazer por um fazer que dá
alegria e satisfação.
Profissionalmente, quem atende ao chamado íntimo certamente desempenhará suas
atividades vocacionais com bom ânimo e disposição, não apenas pela sua
remuneração, mas pelo prazer de fazer o que gosta. Ouvir esse chamamento seria
o ideal para qualquer ser humano que desejasse ser útil à sociedade na qual
vive. A excelência do seu trabalho por certo lhe traria, como conseqüência, uma
recompensa financeira satisfatória, no entanto a realidade é bem diferente.
Os filhos crescem ouvindo dizer que "alegria não enche barriga",
"vocação nem sempre dá status", então o jovem precisa optar, pela
"barriga cheia", nem que isso lhe custe a alegria de viver e a
utilidade. Aí escolhe uma profissão que lhe traga vantagens financeiras e
status em vez de ouvir o chamamento íntimo da sua vocação. Na vocação, a pessoa
encontra a felicidade na própria ação. Na profissão, o prazer se encontra não
na ação, mas no ganho que dela deriva.
O profissional, somente profissional, executa seu "fazer", não por
amor a ele, mas por amor a algo fora dele: o salário, o ganho, o lucro, a
vantagem. Já o homem movido pela vocação é um apaixonado pelo seu
"fazer", e faz até de graça, apenas por satisfação.
Na política é fácil constatar a diferença entre um político por vocação e outro
por profissão. A vocação política é uma paixão por um jardim, já que
"política" vem de polis, que quer dizer cidade. A cidade era, para os
gregos, um espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à
busca da felicidade. Político é aquele que cuida desse espaço. A vocação
política, assim, está a serviço da felicidade dos cidadãos, os moradores da
cidade.
Dessa forma, um político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para
todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que poderia
plantar para si mesmo. O político é, antes de tudo, um jardineiro. O jardineiro
por vocação dá sua vida pelo jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o
jardim de todos para construir o jardim privado, ainda que para isso aumentem,
ao seu redor, o deserto e o sofrimento.
Com este texto, quero convidar para reflexão cada um dos que pretendem disputar
um cargo nas próximas eleições: Será que a sua vocação, antes da política, não
é para ser médico, empresário, professor, dona de casa, religioso, etc? Será
que, tendo vocação para política, a melhor área de atuação não seria no
legislativo, por exemplo? "Consulte-se!"
Mais sobre vocação: Existem médicos por vocação e profissionais da medicina. Os
primeiros exercem as atividades com amor e prazer, sem necessidade de
juramentos se dedicam a salvar vidas. Outros, mesmo sob juramento ,geralmente,
só atendem mediante prévio pagamento.
O que desejamos ressaltar é a necessidade de se ouvir e respeitar o chamado
interior, a tendência íntima, a vocação. Isto não quer dizer que não se deva
ter remuneração. O ganho, limpo, deve ser conseqüência natural de uma atividade
prazerosa, até na política.
Que nós outros, eleitores, sejamos inspirados e tenhamos sensibilidade na
escolha dos nossos representantes. Que os próximos Prefeitos, Vice e
Vereadores, saiam dentre os "vocacionados", "missionários",
"jardineiros".
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